desenrola.

Quando eu vi o vhs do Cova Rasa, em 2000, descobri o Danny Boyle. Eu tinha apenas 17 anos e o cara já tinha feito Trainspotting, Por uma Vida Menos Ordinária e A Praia. Eu pirei. Quase todas as histórias giram em torno dos mesmos assuntos: assassinos frios, ladrões e viciados, dinheiro, drogas e humor negro. Era o equilíbrio que eu queria.

De lá pra cá, eu vi tudo. Descobri o Ewan McGregor. Vi como se formou uma dupla cinematográfica de sucesso, como Scorsese & De Niro (se bem que mais tarde, o Scorsese trocou o DeNiro pelo Di Caprio), Woody Allen & Scarlett Johansson. Enfim. Tudo filme pop. Just for fun.

Assim como Alfred Hitchcock, Hollywood acabou levando o cara pra Los Angeles. Mas eu prefiro o Danny Boyle contando as histórias do Reino Unido, como em Extermínio, Trainspotting e Cova Rasa. O Guy Ritchie também tem a manha, as histórias são bem amarradas, eles tangibilizam a vida nos subúrbios de Londres e Edimburgo, a busca de uma geração inteira por diversão, alguma violência e dinheiro. Blank generation, que cresceu vendo o The Clash e Sex Pistols ao vivo. Dá pra sentir o clima UK, sacar as diferenças do british accent, os conflitos da galera do norte e do sul. E as músicas então? Parecem filmes feitos para trilhas e não o contrário.

Depois disso tudo, o cara ainda mostrou que sabe fazer um filme com takes lindos em Sunshine, uma comédia sensível em Caiu do Céu, que volta para contar uma história inglesa. Agora fez Slumdog Millionaire, vertido para o português como Quem Quer Ser um Milionário?, ele conta a história de um garoto indiano que ganha um prêmio num programa de perguntas e respostas da TV e acaba sendo acusado de trapacear.

O Danny Boyle sabe contar histórias geniais, seu trabalho tem uma cara de filme independente. Agora ele vai desde atores desconhecidos até The Ting Tings. Ele tem a moral fazer chegar ao mainstream suas idéias, falar de coisas simples, desde uma cena local, autodestruição ou mostrar o que as pessoas são capazes de fazer por dinheiro.